Movimentos sociais do campo promovem seminário sobre os desafios para a produção de alimentos saudáveis com justiça social na Amazônia.

Durante a VII Festa Camponesa da Via Campesina em Rondônia, no dia 14 de junho, foi promovido um seminário com o tema: Os desafios da produção de alimentos saudáveis e justiça social na Amazônia: Esperançar e Democracia. Para fomentar o debate sobre o tema, o seminário contou com a contribuição de Leomárcio Araújo, do Movimento dos Pequenos Agricultores, e o bispo Dom Norberto, da diocese de Ji-Paraná.

Leomárcio destacou os desafios estruturais impostos pelo antagonismo entre o modelo hegemônico do agronegócio sob a lógica capitalista, que considera a terra como mera mercadoria, e o modelo da convergência entre a diversidade de sujeitos camponeses e os saberes dos povos originários e tradicionais, que tratam a terra e a água com respeito e carinho.

O dirigente do Movimento de Pequenos Agricultores ainda ressaltou que diante do pano de fundo estrutural que está colocado é fundamental a articulação do campesinato entre si e com a sociedade em geral, através da contraposição a narrativa pregada pelo agronegócio, de que seu modelo é social e ambientalmente justo. A defesa da agroecologia é capaz de mobilizar grande parte da sociedade que se interessa em saber como seu alimento foi produzido e de que forma esse modo de produção interfere na sociedade, como ocorre com os graves danos provocados a todos pelo uso de agrotóxicos.

Dom Norberto relatou que os últimos anos mostraram que o Brasil ainda tem uma democracia muito sensível, inclusive a Igreja sentiu esses ataques a democracia, porque ela também foi atacada nesse período, como pudemos verificar durante a organização do Sínodo da Amazônia. Ocorreu o esvaziamento dos espaços de participação nas políticas públicas e o ataque aos movimentos sociais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, por exemplo, ainda continua sendo criminalizado.

O bispo de Ji-Paraná afirmou que embora haja uma estagnação no incremento populacional do estado de Rondônia, com o esvaziamento de muitas cidades, à medida que avança o agronegócio e a mineração, existem muitos sinais de esperança ativa nas resistências que ainda são feitas, nos espaços que ainda permanecem ocupados.

Ao final, foi reforçado pelos participantes a importância de “esperançar”, construindo hoje a utopia que queremos, pois o novo céu e a nova terra são bonitos, mas precisam ser construídos nos dias de hoje, assim como nos convida o Papa Francisco, de buscar a vida plena para todos garantindo os seus direitos sagrados, como a terra, teto e trabalho.