DOM ANTÔNIO POSSAMAI: vida e luta

Antônio Possamai, natural de Ascurra/SC, nasceu em 5 de abril de 1929. Chegou em Ji-Paraná como bispo diocesano em 1983. Assumiu a então Prelazia de Ji-Paraná, que com sua chegada foi elevada à Diocese de Ji-Paraná. Ao chegar na Amazônia, no Estado de Rondônia (que fazia apenas dois anos na categoria de estado da Federação), Dom Antônio encontrou uma realidade muito desafiadora. De um lado, era necessário acolher os migrantes procedentes de todas as regiões brasileiras, que nem sempre tinham as condições básicas para permanecer. E, de outro, era preciso muita coragem e profetismo para manifestar sua opção preferencial pelos pobres. Entre os mais pobres estavam os povos indígenas, que sofriam a ameaça de morte… e eram mortos de fato e que estavam perdendo suas terras para os grileiros e latifundiários.

Chegando aqui, ele encontrou um caminho aberto pelo seu antecessor, Dom José Martins da Silva, primeiro bispo de Ji-Paraná. No entanto, Dom Antônio não mediu esforços para acompanhar o nascimento e fortalecimento das CEBs, Grupos de Reflexão, as muitas pastorais sociais. Entre estas, teve destaque a Pastoral dos Migrantes, que por muitos anos foi dinamizada pela Congregação dos Missionários e das Missionárias Scalabrianas, de São Carlos Borromeo, convidada por ele, para este fim. A Pastoral da Juventude (PJ) era sua “menina dos olhos”. Ainda hoje temos maioria de ex-pejoteiros assumindo movimentos sociais, sindicatos e outras frentes de luta, graças à formação da PJ daquela época.

O nascimento do Projeto Padre Ezequiel (PPE) se dá num contexto de aumento muito rápido da população rondoniense, da população pobre sem garantia de nenhum direito, num processo de êxodo rural e da vinda de migrantes de várias partes do Brasil. Em 1983, Dom Antônio Possamai ouviu a população e construiu um Projeto para solucionar os problemas que afligia o Estado de Rondônia: a falta de saúde pública, vários jovens sem educação e a questão camponesa. Então, em 1988 foi criado o Projeto Pe. Ezequiel, com o financiamento da entidade apoiadora e parceira Misereor da Alemanha.

Ao mesmo tempo, surgiram as primeiras Escolas Família Agrícola (EFA), tendo como missão formar filhas e filhos de agricultores, com conhecimento técnico para permanecerem em suas terras com condições de bem viver. O jornal escrito da Diocese, Anunciando e Defendendo, foi forte instrumento de evangelização. O jornal chegava em todas as CEBs e tinha caráter tanto informativo e como formativo. E, assim, esse pastor manso e prudente, cuidava do rebanho com zelo apostólico, sendo criticado e recebendo ameaças dos “poderosos” e opressores da época.

Dom Antônio era voz forte dentro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assumindo cargos relevantes nas Comissões Episcopais. Era defensor da Amazônia e de uma Igreja inculturada, de rosto amazônico; defensor do ministério leigo (mulheres e homens). Por várias vezes foi Presidente do Regional Norte 1 da CNBB, com sede em Manaus/AM. Lutou muito pelo seu desmembramento. Hoje temos o Regional Noroeste da CNBB, com sede em Porto Velho/RO.

A extensão geográfica da Diocese de Ji-Paraná era de aproximadamente 250 mil km quadrados, porque abrangia parte do norte do estado de Mato Grosso. Somente depois de quase 15 anos do episcopado de Dom Antônio, houve o desmembramento da Diocese de Ji-Paraná, que formou a Diocese de Juína/MT.

Dom Antônio Possamai foi bispo em Ji-Paraná por 24 anos (de junho de 1983 a junho de 2007). Faleceu em 27 de outubro de 2018 em Porto Velho/RO, como bispo Emérito de Ji-Paraná. Seu túmulo está dentro da Igreja São José, cidade de Ji-Paraná /RO.