Por ocasião do seu aniversário, 13 de agosto, o IPER homenageia o educador popular que fez da vida um testemunho de fé, justiça e amor pelos pobres da Amazônia.
“José Aparecido, presente!” É com essa saudação viva, repetida a cada Romaria do Padre Ezequiel Ramin, que o Instituto Padre Ezequiel Ramin (IPER) mantém acesa a memória de um dos maiores defensores da causa dos pobres em Rondônia. Educador popular, artista, agente pastoral e membro fundador do IPER, José Aparecido de Oliveira – carinhosamente chamado de Cido – faria 57 anos neste 13 de agosto de 2024.
Em maio deste ano, completaram-se cinco anos de sua páscoa, ocorrida em 21 de maio de 2020. Sua ausência física ainda dói, mas sua presença missionária permanece viva nos caminhos da justiça e da solidariedade.
Um dos inspiradores das Romarias
Entre tantas contribuições em defesa dos direitos humanos e da infância, Cido teve um papel especial: foi um dos principais motivadores da Romaria do Pe. Ezequiel Ramin, que desde 2016 acontece anualmente em Rondolândia (MT), no local do martírio do missionário comboniano assassinado em 1985.
Cido compreendia a força da memória coletiva como instrumento de resistência. Caminhar com Ezequiel era, para ele, reviver a missão, fortalecer a fé e denunciar as injustiças que ainda persistem na Amazônia.
Uma música que virou hino de resistência
Com sensibilidade e fé enraizada na vida, Cido compôs a música “Fruto da Missão”, que se tornou símbolo da romaria. A canção é mais do que homenagem: é catequese, é poesia missionária, é testemunho.
“Teu sangue amigo se tornou semente, que vai produzir pra nós libertação”, diz o refrão, ecoando a teologia do martírio como caminho de ressurreição e compromisso com a justiça.
A música embala os passos de quem caminha pela memória do Pe. Ezequiel, levando no corpo e no coração as causas pelas quais ele deu a vida: os pobres sem terra, os povos indígenas, os jovens sonhadores, a Amazônia ameaçada.
De Dom Antônio a Ezequiel: a missão de Cido
A trajetória de Cido no IPER começou nos anos 1990, ao lado de Dom Antônio Possamai. Seu trabalho junto às comunidades, escolas, pastorais e conselhos de direitos foi sempre inspirado pela missão profética de Ezequiel Ramin.
Mais do que gestor ou orientador educacional, Cido era formador, missionário laico, companheiro de caminhada. Sua atuação no campo da infância e adolescência, com olhar sensível e crítico, marcou gerações de educadores sociais na região.
Em uma de suas últimas falas públicas, no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 de maio de 2020), Cido afirmou: “O coronavírus está nos ensinando que precisamos reinventar nossas formas de lutar, de resistir e também novas formas de sobreviver. Uma comunhão melhor como humanos, uma comunhão melhor com a natureza.”
Sua vida, nossa causa
Hoje, o IPER reconhece em Cido um fruto da missão de Ezequiel, um sinal concreto da fecundidade do sangue derramado pelo mártir. A cada romaria, sua voz ainda ecoa. Sua música ainda guia. Sua memória ainda inspira.
Se a frase de Ezequiel dizia: “Se minha vida lhe pertence, também lhe pertence minha morte”, a vida de José Aparecido responde com coragem: “Sua causa é minha causa. Sua missão é nossa missão.”
🎶 Assista e ouça a música Fruto da Missão:
🔗 https://youtu.be/TnuPMcFT5hE?si=kiXHupdxg7vGQ2Nd