PADRE EZEQUIEL RAMIN: Vida e luta.
Padre Ezequiel Ramin nasceu em Pádua na Itália, em 9 de fevereiro de 1953, filho de Mario Ramin e Amabile Rubin. Em 1972 iniciou sua formação religiosa e missionária no Instituto dos Missionários Combonianos, da Ordem Religiosa de São Daniel Comboni. Depois de concluir seus estudos foi ordenado padre no ano de 1980, em Pádua, sua cidade.
Seu grande sonho era atuar como missionário juntos aos empobrecidos. Então, em 1984, surgiu a oportunidade de ser enviado ao Brasil. Em meados daquele ano chegou em Cacoal/RO. A Diocese de Ji-Paraná tinha uma nítida atuação profética de opção pelos pobres, à luz do Evangelho. As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) estavam surgindo na medida que chegavam as migrações de todos os estados brasileiros. Porém, neste lugar também cresciam os conflitos devido à grilagem de terras, perseguições aos mais pobres: indígenas, posseiros, sem-terra e migrantes. Os fazendeiros investiam alto na pistolagem, com fortes grupos de jagunços armados para expulsarem e matarem os posseiros e indígenas.
Ao chegar em Rondônia, Pe. Ezequiel tomou conhecimento dessa realidade e assumiu seu trabalho missionário na defesa dos direitos dos mais pobres. Atuou na Comissão Pastoral da Terra de Rondônia (CPT). Ao mesmo tempo atuou como missionário na Paróquia Sagrada Família de Cacoal, Diocese de Ji-Paraná, que na época tinha como Bispo Dom Antônio Possamai.
A Diocese de Ji-Paraná se estendia também ao norte do Estado de Mato Grosso (MT). E era paróquia de Cacoal que atendia o município de Rondolândia/MT. Boa parte do referido município era área indígena e dentro da área estava a fazenda Catuva. Também havia uma ocupação feita por famílias de posseiros, sem-terra. Portanto, o conflito estava “aceso”: o fazendeiro ameaçando expulsar tanto os indígenas – os legítimos “donos” da área – quanto os posseiros que necessitavam de terra para trabalhar.
E em 24 de julho de 1985, Pe. Ezequiel, em nome da CPT, na companhia do senhor Adílio de Souza (que era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cacoal), foi até o local para conversar com os posseiros. O objetivo de Pe. Ezequiel era aconselhar para que se retirassem até que a questão fosse resolvida na Lei e na Justiça. E, ao regressarem, por volta de quase meio dia, Pe. Ezequiel foi brutalmente assassinado por sete jagunços.
Em 1988, por iniciativa de Dom Antônio, foi elaborado e aprovado o Projeto Padre Ezequiel, para continuar com ações concretas a missão deixada pelo Padre. Depois de 28 anos de execução desse projeto, atuando dentro da Diocese de Ji-Paraná, foi criado em 2016, o Instituto Padre Ezequiel Ramin (IPER), mantendo princípios, missão e os sonhos plantados pelo missionário.