A VII Festa Camponesa começa com forte mística de resistência e esperança dos povos da Amazônia

Com o lema “democracia e esperançar, produzindo alimentos saudáveis e justiça social na Amazônia”, hoje, dia 14 de julho, foi iniciada a VII Festa Camponesa da Via Campesina em Rondônia, no município de Jaru. A mística de abertura trouxe a reafirmação do compromisso dos movimentos populares do campo e da cidade em defender a sociobiodiversidade, os territórios dos povos amazônidas, em promover a agreoecologia como um caminho alternativo ao modelo hegemônico do agronegócio.


Há mais de 10 anos, a cada dois anos, os movimentos sociais da Via Campesina, em Rondônia, realizam a festa camponesa para anunciar para toda a sociedade que um outro modelo de produção é possível, respeitando a natureza, as relações de trabalho, oferecendo alimentos saudáveis e sem agrotóxicos para toda a classe trabalhadora.
A abertura do evento também contou com uma mesa de análise de conjuntura, na qual participaram o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Claudinei dos Santos, a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Camilla Holanda, e o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Ricardo Gilson.
Para Claudinei, vivemos um período sombrio nos últimos anos, em que o Brasil se deparou com o domínio de um projeto de morte, no qual os camponeses, as comunidades, tradicionais, as mulheres, a população negra, o público LGBTQIA+, entre outros, eram vistos como obstáculos a serem superados pelos interesses do grande capital. O projeto da Via Campesina propõe exatamente o contrário: a integração entre os povos e a natureza, a solidariedade e a defesa da vida.
O professor Ricardo Gilson tratou sobre os grandes desafios do campesinato diante do avanço voraz do agronegócio sobre áreas protegidas, territórios indígenas e tradicionais, o qual se dá com grande violência, de forma com que o estado de Rondônia tem a maior incidência do país em assassinatos de lideranças da luta pela terra e pela floresta.
A procuradora Camilla Holanda relatou a grande importância de que as instituições públicas se façam presentes para ouvir as demandas dos movimentos sociais para poder se somar na defesa da vida e dos direitos dos trabalhadores do campo, uma vez que as narrativas desses são abafadas por grandes interesses e o Ministério Público do Trabalho deve atuar de forma a fazer ecoar as vozes dos oprimidos, por mais que as correlações de força sejam extremamente assimétricas.
Até o dia 16, ainda ocorrerão diversos debates, oficinas e atividades culturais, abertos para a participação do público em geral. Participe desse bonito momento de construção coletiva, formação e celebração.

Texto produzido por João MAB.