Encontro do Comitê Popular da Crise Hídrica Reúne organizações e Comunidades em Porto Velho

No dia 05 de agosto, aconteceu na Cúria Arquidiocesana de Porto Velho o Encontro do Comitê Popular da Crise Hídrica de Rondônia. Neste evento promovido pelo comitê, estiveram presentes organizações, movimentos sociais, entidades e comunidades de todo o estado. O encontro teve como objetivo discutir os desafios e soluções para a crise hídrica em Rondônia. O Instituto Padre Ezequiel Ramin foi representado pelo coordenador Francisco de Assis.

O evento destacou-se por suas apresentações e trocas de experiências enriquecedoras, com um foco especial na construção de um diagnóstico abrangente da crise hídrica, abordando temas norteadores essenciais como desafios, vulnerabilidades e capacidades, que serviram como base para discussões aprofundadas em grupos de trabalho. O encontro também favoreceu a compreensão dos desafios enfrentados pelos diferentes grupos sociais, especialmente os mais vulneráveis, que nos últimos anos vêm sofrendo com as desigualdades, a invasão de seus territórios, os ataques e os conflitos ocasionados pelo modelo de desenvolvimento em curso no estado de Rondônia e na região Amazônica, o qual impõe forte pressão às comunidades tradicionais e aos povos originários, baseando-se na exploração dos recursos naturais, inclusive os recursos hídricos.

Entre as apresentações, destacou-se a contribuição de Kaê, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), que compartilhou estudos recentes sobre o impacto das mudanças climáticas na região amazônica. Iremar, do Instituto Madeira Viva (IMV), apresentou uma experiência sobre o Direito do Rio Lage, destacando a importância da conservação dos recursos hídricos locais. Océlio, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), trouxe a perspectiva das comunidades afetadas em Porto Velho, enfatizando a necessidade de uma escuta ativa e contínua para entender os desafios enfrentados pelas populações locais.

Uma das partes mais significativas do encontro foi a construção do Plano Popular de Enfrentamento à Crise Hídrica. Os grupos de trabalho concentraram-se em identificar prioridades e desenvolver soluções, tanto locais quanto com apoio externo. A troca de ideias foi facilitada por atividades de “cochicho”, que permitiram um diálogo mais dinâmico entre os participantes.

O evento contou também com a presença do Professor Jeferson Alberto de Lima, Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Alto e Médio Machado (CBH-AMMA-RO). Em sua apresentação, ele elucidou a Lei das Águas e o papel fundamental dos comitês na gestão sustentável dos recursos hídricos do estado. O Professor Jeferson destacou:

“O Comitês de Bacia Hidrográfica são a base para o desenvolvimento da gestão integrada e participativa dos recursos hídricos, constituindo-se como fóruns em que grupos de pessoas se unem para discutir e planejar as melhores formas de uso dos espaços e da água. Fortalecer esses espaços e apoiar as diferentes representações sociais é garantir o diálogo em prol de um modelo de gestão descentralizado que promova a exploração racional e sustentável dos recursos naturais, especialmente os recursos hídricos,” destacou o professor.

Jeferson também reforçou a importância da participação do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Alto e Médio Machado (CBH-AMMA-RO) deste Encontro do Comitê Popular para Enfrentamento da Crise Hídrica, organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e demais organizações. Segundo ele, essa participação foi crucial, pois além de divulgar a existência e atuação do comitê, o evento proporcionou interação entre os participantes, mobilização e fortalecimento das instituições, além de agregar conhecimento sobre as demandas hídricas de cada comunidade.

O Encontro do Comitê Popular da Crise Hídrica representou um passo significativo na busca por soluções sustentáveis e integradas para os desafios hídricos enfrentados por Rondônia. A colaboração entre especialistas, organizações e comunidades promete fortalecer a resiliência do estado frente às adversidades climáticas e garantir a segurança hídrica em meio à situação de escassez. O Instituto Padre Ezequiel Ramin e os demais participantes reafirmaram seu compromisso com a continuidade do diálogo e a implementação das estratégias discutidas, ressaltando a importância de um engajamento coletivo para resoluções da emergência hídrica da região.

Texto produzido com a colaboração do prof. Jefferson Vaz.