IPER Realiza Primeira Etapa da Formação Continuada em Políticas Públicas em Ji-Paraná

Nos dias 24, 25 e 26 de maio, no Centro Diocesano de Formação em Ji-Paraná aconteceu a primeira etapa da Formação Continuada em Políticas Públicas, promovida pelo Instituto Pe. Ezequiel Ramin (IPER). Com o tema “Formação Política – Educação Popular, Cultura Popular e Cultura Política”, o encontro reuniu lideranças com o objetivo de qualificar sua atuação em entidades sociais, fóruns e conselhos de direitos, fortalecendo a defesa dos direitos humanos, ambientais e das políticas públicas na Amazônia rondoniense.

A etapa do curso, com 20 horas de duração, foi conduzida pelo Prof. Afonso Chagas, do departamento de Ciências Sociais da UNIR. Durante a formação, os participantes trocaram saberes e aprofundaram conhecimentos sobre diversos aspectos estruturais e conjunturais que moldam a realidade amazônica.

Os participantes refletiram sobre sua identidade amazônida, discutindo questões como a diversidade das Amazônias, a história da colonização dirigida e a relação com a terra e territórios. Outros temas abordados incluíram as resistências entre agricultura e agronegócio, os eixos de desigualdade, a militarização e o conservadorismo social, político e religioso, além das tensões e pressões atuais na região.

A análise das dimensões conjunturais revelou a complexidade da realidade amazônica, destacando cinco aspectos interconectados que moldam a região. A dimensão econômica focou na estrutura dos meios de produção e na dinâmica da economia local, sublinhando os desafios impostos pela predominância do agronegócio e pela busca por modelos de desenvolvimento sustentável. Na dimensão social, a discussão girou em torno da organização das comunidades, a atuação dos diversos atores sociais e a influência preponderante da mídia na formação de opiniões e comportamentos. A dimensão cultural abordou a mentalidade coletiva, as práticas educacionais e as expressões culturais, ressaltando tanto as formas de manutenção do status quo quanto as manifestações de resistência cultural. Politicamente, a análise das instituições governamentais, partidos e políticas públicas revelou as complexas relações de poder, a representatividade e os desafios enfrentados na promoção dos direitos humanos e na implementação de políticas públicas eficazes. Por fim, a dimensão religiosa destacou a influência das forças hegemônicas, os discursos e práticas religiosas, e suas implicações nas ações de manutenção ou resistência sociopolítica, refletindo sobre o papel das lideranças religiosas nos projetos de poder e na mobilização comunitária.

O debate sobre educação popular enfatizou a importância do trabalho de base nos dias atuais. Foram discutidos os principais desafios, princípios, tarefas permanentes e a compreensão de quem é o povo, visando fortalecer o engajamento comunitário. Além do mais, os participantes aprenderam a diferenciar políticas de governo e políticas de estado, abordando sistemas, garantias constitucionais, e instrumentos de acesso, fiscalização e controle social das políticas públicas. Também foram apresentados os principais instrumentos legislativos relacionados ao tema.

A partir do artigo 6º da Constituição Federal, foi analisado o papel dos conselhos e problematizada a atuação das forças de segurança. Divididos em três grupos, os participantes fizeram apresentações de casos verídicos sobre o trabalho em rede e a aplicação das Políticas Públicas. As discussões incluíram políticas federais em educação, saúde e seguridade social, a conscientização dos direitos, e os instrumentais de defesa e promoção, além de observatórios e monitoramento das políticas públicas.

A primeira etapa da Formação Continuada em Políticas Públicas em Ji-Paraná proporcionou a troca de conhecimentos e experiências. Os participantes saíram motivados a continuar participando dos encontros virtuais e mais preparados para atuar em suas comunidades, promovendo uma sociedade mais justa e consciente de seus direitos e deveres, especialmente no contexto amazônico rondoniense.