Na primeira semana de maio (01 a 05), o Instituto Pe. Ezequiel Ramin – IPER recebeu os integrantes da Associação Paraense de Apoio as Comunidades Carentes – APACC no “Intercâmbio sobre práticas agroecológicas e trabalho em rede”. As atividades começaram em Porto Velho com a recepção pelo coordenador Francisco de Assis que fez a apresentação do instituto. As visitas aconteceram no distrito de Tarilândia/Jaru, no município de Mirante da Serra, Nova União, Vale do Paraíso e Ji-Paraná. O intercâmbio teve como objetivo conhecer a experiência sobre as práticas da saúde integrativa popular comunitária, visitas às unidades de produção agroecológicas e os sistemas agroflorestais, visitas as nascentes recuperadas, as experiências de agroindústrias, entre tantas outras ações desenvolvidas pelos grupos acompanhados.
A APACC é uma ONG que atua a quase 30 anos no Estado do Pará com assessoria, acompanhamento e facilitação dos processos para diversas comunidades tradicionais, de agricultores familiares, extrativistas, quilombolas e pescadores artesanais, e é articulado na Rede Girau de Agroecologia. Conforme o coordenador da associação, Sr. Frank, quatro representantes vieram para Rondônia, com objetivo de conhecer as práticas agroecológicas desenvolvidas a através do apoio do IPER, e conhecer, principalmente, o uso da homeopatia na saúde humana, animal, vegetal e do solo. Importante destacar, a participação das mulheres no intercâmbio, foram 3 mulheres e 1 homem da delegação que veio do Pará, bem como, nos grupos acompanhados estiveram presentes ocupando os espaços.
“A gente conseguiu durante esses dias conhecer a homeopatia e os seus usos, e é importante por que é algo que a gente vai levar desta experiência que valoriza e utiliza melhor do poder das plantas medicinais, já temos o cultivo das plantas medicinais, e agora vamos aproveitar mais deste potencial”, declarou. Ainda falando sobre os aprendizados obtidos durante o intercâmbio, destacou a importância do investimento nas pequenas agroindústrias para agricultura familiar, principalmente, para redução da mão de obra e aumento da produtividade. Por fim, conta que os integrantes estão levando variedades de sementes crioulas para serem multiplicadas pelos agricultores.
Nas falas dos visitantes, ambos falaram sobre a produtividade e diversidade nas pequenas propriedades, diz que no Pará, apesar do incentivo para as famílias agricultoras sobre os Sistemas Agroflorestais – SAF, em que as propriedades são maiores, ainda não se desenvolveu como as experiências visitadas. Maria Liriolinda, representante da APACC diz, “quando a gente vem para o intercâmbio e traz pessoas para vivenciar e ver que é possível produzir em quantidade, com qualidade e sem veneno num pequeno lote, fortalece nosso trabalho”, destacou. Ainda sobre este assunto, o Frank disse “um dos conhecimentos que levamos daqui, é poder entender que numa pequena área você consegue produzir e ter sua subsistência, porque acho que nos falta no Pará o melhor aproveitamento das áreas de terras, aqui são propriedades pequenas e com muita diversidade”, pontua.
A integrante vinda de comunidade quilombola, Maria da Conceição, se entusiasma em falar da visita na agroindústria, diz que com um investimento desse na sua comunidade, sem dúvida, aumentaria a renda e diminuiria a penosidade do trabalho para as famílias que despolpas as frutas de modo manual. Esteve participando a senhora Luzia, ela faz parte de uma associação de mulheres que é parceira da APACC, agradeceu por conhecer as experiências e que levará esse conhecimento para a sua associação.
Para o orientador educacional do IPER, Aldo Paixão, “o intercâmbio é uma modalidade de atividade que enriquece as práticas e fortalece os grupos”. Na oportunidade, ele se diz grato pela recepção de cada grupo aos visitantes da APACC e que cada visita trouxe mais conhecimento e aprendizados.
As experiências visitadas em cada município.
No centro de pastoral da saúde do Distrito de Tarilândia/Jaru, os visitantes podem conhecer a história da construção, sobre o seu funcionamento, reconhecimento de inúmeras plantas medicinais, bem como, as formas de preparação e uso dos preparados homeopáticos. Ainda em Tarilândia, aconteceu a visita numa unidade de produção onde foi apresentado as experiências e resultados do uso homeopáticos no tratamento de animais.
Em Mirante da Serra, a recepção foi no espaço de saúde e os voluntários apresentaram as técnicas integrativas praticadas pelo grupo, ainda, os participantes do intercâmbio visitaram algumas unidades de produção agroecológica, em que puderam conhecer a nascente recuperada, o processo de recuperação do solo com o uso homeopático, aliado com o plantio de variedades de cultivos, em três propriedades. Na oportunidade, visitaram a agroindústria de beneficiamento dos derivados de cana (melado, açúcar mascavo e rapadura), de leite (queijo) e processamento do café.
No município de Nova União, conheceram a farmácia viva e a central de saúde de apoio do regional centro que está sendo desenvolvido pelos agentes multiplicadores no Assentamento Palmares. Ainda com assentados, visitaram o sistema agroflorestal no Sítio Veredas.
Quinta-feira (04), o grupo seguiu para o município do Vale do Paraíso e foi recepcionado na comunidade São Patrício, nas proximidades, foram visitar as nascentes recuperadas em duas propriedades, conheceram a Centralzinha de Saúde, outras experiências de sistemas agroflorestais, e por fim, fizeram a visita da agroindústria de polpa de frutas. No dia seguinte, os visitantes chegaram na chácara Kamiri Resistência e conheceu a experiência de agroecologia e de manejo dos animais de pequeno porte (galinhas e porcos) que fica situada no município de Ji-Paraná.